Novos desafios enfrentados pelas explorações de pequenos ruminantes em Portugal

02 dezembro 2020
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3 minutos

Desde tempos imemoriais que a criação de pequenos ruminantes assume uma enorme importância na vida e trabalho das populações estabelecidas nas zonas mais rurais. Esta importância é explicada por alguns fatores, como a elevada capacidade reprodutiva da criação e pela versatilidade de produção, mas também pela adaptação ao meio e pela rusticidade da criação.

Nas regiões interiores, mais despovoadas e de pastos mais pobres, os pequenos ruminantes têm um papel determinante tanto nos aspetos social como também ambiental e económico. Os recursos alimentares disponíveis nestes espaços, valorizados pelo pastoreio, contribuem para a obtenção de produtos com uma autenticidade muito própria, sobretudo ligada à imagem dessas mesmas regiões.

No entanto, a exploração de ovinos e caprinos em Portugal tem sofrido enormes alterações nos últimos anos: aumentos dos custos de produção não acompanhados pelos valores dos seus produtos, leite, carne e lã, situações de  dificuldade no escoamento dos produtos, controlo e complexidade administrativa e falta de mão-de-obra (muita desta envelhecida e com pouca formação) constituem alguns dos fatores que justificam estas mudanças.

Paralelamente, as zonas rurais têm sido fortemente despovoadas, sofrendo um enorme declínio na atividade agrária, com consequências na dinâmica da vegetação e na estrutura e composição da paisagem, riscos maiores de deflagração de incêndios florestais descontrolados e diminuição da biodiversidade ecológica, comprometendo seriamente o desenvolvimento económico e o equilíbrio social. Além disso, as expectativas criadas pela sociedade relativamente às temáticas que envolvem os animais de produção, ganham uma dimensão global, ambiental, e também ética.

Perante tais transformações, é fundamental saber avaliar qual a importância da profissionalização do produtor face a estes desafios, bem como saber enquadrar os novos objetivos ambientais e sociais com os objetivos económicos. Esta avaliação permite que as explorações de pequenos ruminantes tenham um futuro viável e sustentável.

Hoje em dia, não podemos ignorar que a interligação entre as práticas agrícolas e a proteção e conservação ambiental é fulcral para o sucesso de qualquer exploração. No caso específico dos pequenos ruminantes, existe uma enorme relação entre os objetivos ambientais (manutenção da biodiversidade e conservação da Natureza) e sociais (combate à desertificação) das regiões mais rurais e a presença deste tipo de animais, nas suas diferentes vertentes de produção.

A utilização dos rebanhos de ovelhas e/ou cabras na gestão silvopastoril da paisagem (ex. manutenção de caminhos corta-fogo limpos de mato) é sobejamente conhecida, sendo muito importante nos planos de combate aos incêndios florestais.

O fabrico de queijo artesanal tem especial importância, por permitir a valorização da matéria-prima (leite) a nível local, com a consequente criação de riqueza e emprego em áreas deprimidas, onde é cada vez mais difícil atrair e fixar pessoas.

No entanto, para conseguirmos cumprir os anteriores objetivos, é fundamental que a exploração tenha rentabilidade e viabilidade económica. As preocupações com o bem-estar animal também devem ser uma prioridade, construindo instalações que proporcionem maior conforto aos animais, permitindo o pastoreio directo diário (quando possível), obtendo assim maiores e melhores produções e/ou incrementos diários de peso.

Para que tal aconteça, os produtores devem tender para uma cada vez maior profissionalização do seu trabalho, adquirindo um maior conhecimento das raças a explorar, do maneio e do regime alimentar a seguir, consoante o seu objetivo de produção.

Hoje em dia, não podemos ignorar que a interligação entre as práticas agrícolas e a proteção e conservação ambiental é fulcral para o sucesso de qualquer exploração. No caso específico dos pequenos ruminantes, existe uma enorme relação entre os objetivos ambientais (manutenção da biodiversidade e conservação da Natureza) e sociais (combate à desertificação) das regiões mais rurais e a presença deste tipo de animais, nas suas diferentes vertentes de produção.

No que diz respeito às raças e maneio animal, há alguns desafios que se impõem:

  • Aprimoramento genético das raças autóctones à procura de melhorar as características produtivas sem perder rusticidade e qualidade do leite;
  • Resolver problemática da assimetria do úbere para diminuir incidência de infeções mamárias e “ajudar” na evolução para ordenhas robotizadas;
  • Modernização dos equipamentos de ordenha;
  • Utilização sem reservas das máquinas de amamentação artificial para borregos e cabritos e respetivo leite de substituição;
  • Adaptação do sistema de produção a uma exploração de maior viabilidade e rentabilidade (extensivo semiextensivo e/ou intensivo);
  • A qualidade do produto final também não deve ser esquecida.

Leite de elevada qualidade (alto teor de gordura e proteína e microbiologicamente são) dará origem a um queijo de maior valor nutricional que trará maiores dividendos ao produtor. Já na carne, a produção de borrego e/ou cabrito recorrendo a um adequado programa nutricional, permitirá valorizar o seu baixo teor de gordura saturada e alto conteúdo em aminoácidos essenciais.

A produção de lã, material de excelência pelas suas qualidades de isolamento térmico, resistência e durabilidade, enfrenta talvez o maior desafio de todos, uma vez que a sua exploração sofreu um enorme revés, sobretudo por baixos preços de compra da matéria-prima e falta de mão-de-obra.

No entanto, existem ainda alguns desafios no campo da valorização do produto final:

  • Comercialização de leite de cabra português para consumo humano (sobretudo entre os intolerantes ao leite de vaca. Já é uma realidade no Reino Unido e França e Espanha), bem como a sua utilização para leites de substituição para bebés;
  • Utilização de leite de ovelha ou cabra em cosméticos;
  • Maior exportação de queijos nacionais com DOP e/ou marcas registadas;
  • Maior aposta em produtos lácteos de origem ovina/caprina com valor acrescentado (ex. sobremesas, gelados, iogurtes);
  • Maior aproveitamento das marcas registadas e/ou DOP no borrego e cabrito em mercados de exportação aliando a produção à gastronomia moderna;
  • Introdução da produção de lã nacional no circuito dos produtos de maior valor acrescentado (ex. vestuário para desportos radicais, montanhismo e atividades na neve), permitindo maior rentabilidade ao produtor;
  • “Novo conceito de exploração” – Abertura das explorações aos consumidores finais (obedecendo a todas as regras de biossegurança) para que possam atestar a qualidade do produto que consomem.

CONTRIBUTO DA DE HEUS

Como empresa consolidada na área da nutrição animal, nomeadamente nos pequenos ruminantes, a De Heus pode ajudar o produtor que se procura profissionalizar, aumentando a sustentabilidade e rentabilidade da sua exploração.

Para tal, temos ao seu dispor profissionais qualificados na área da nutrição e alimentação animal, assim como várias ferramentas de trabalho que o poderão ajudar:

  • Um abrangente programa alimentar para cria e recria de pequenos ruminantes;
  • Produção de alimentos compostos com preocupação ambiental e de sustentabilidade;
  • Um adequado programa de lactação e secagem de ovelha/cabras, contribuindo para o aumento do rendimento dos produtores, criação e manutenção de emprego e incremento de valor;
  • Ações de formação sobre a produção e valorização dos produtos produzidos na exploração (produção de leite e carne);
  • Aconselhamento técnico no desenvolvimento de um “novo conceito de exploração”, que torne esta atividade mais atrativa, sobretudo para os mais jovens;
  • Dinamização de “workshops” que permitam aumentar conhecimentos técnicos e práticos sobre pequenos ruminantes.

A maior profissionalização dos produtores, interligada com as boas práticas agrícolas e de proteção e conservação ambiental irão permitir que as explorações de pequenos ruminantes continuem a prosperar e a aumentar a sua rentabilidade e sustentabilidade. O que abrirá novas perspetivas à produção de ovinos e caprinos em Portugal, modificando de forma decisiva a imagem deste setor de atividade.

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