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14 outubro 2021
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7 minutos

Para aumentar a rentabilidade da sua exploração, utilize forragens de alta qualidade e avalie os seus resultados técnico-económicos. Este artigo foi publicado na Revista Ruminantes #36 | jan. fev. mar. 2020

Resumo

Em Portugal, nos últimos anos, a rentabilidade das explorações tem-se revelado baixa uma vez que os custos produção de um litro de leite são, por vezes, superiores ao preço por litro de leite pago ao produtor.

Em Portugal, nos últimos anos, a rentabilidade das explorações tem-se revelado baixa uma vez que os custos produção de um litro de leite são, por vezes, superiores ao preço por litro de leite pago ao produtor. Assim sendo, todas as estratégias utilizadas para diminuir os custos de produção são essenciais para aumentar a rentabilidade das explorações. A De Heus lançou em Portugal um programa informático denominado Margin Monitor Milk (MMM), que tem como objetivo monitorizar a eficiência e a rentabilidade das explorações permitindo calcular os custos de alimentação, a eficiência alimentar, o custo por litro de leite e, finalmente, a Margem do Leite da exploração (receita do leite por vaca e dia depois de descontados os custos alimentares).

Esta ferramenta, além de ajudar produtores e técnicos a tomarem melhores decisões para aumentarem a rentabilidade das explorações também permite comparar os resultados entre explorações que operam no mesmo mercado. Dessa forma o produtor consegue analisar os seus resultados por comparação com outras explorações, verificar se estão na média, abaixo ou acima e perceber de forma rápida o real potencial de melhoria. Uma das melhores estratégias para melhorar a rentabilidade é a produção de forragens de alta qualidade pois as forragens são fontes relativamente baratas de proteína (silagens de erva) e/ou energia (silagens de milho).

DADOS EXPERIMENTAIS

Para avaliar a forma como a qualidade das silagens de erva e de milho podem influenciar o custo da alimentação em vacas leiteiras, elaborámos duas dietas distintas para uma exploração com 100 vacas em produção, com uma média diária por animal de 35 litros e uma qualidade de leite esperada de 3,7% de teor butiroso e 3,2% de teor proteico. Para otimização de cada uma das dietas, oferecemos quantidades livres de matérias primas (para formulação do alimento concentrado), palha de trigo, silagem de erva e silagem de milho.
Na dieta 1, foram oferecidas silagem de erva e de milho com os valores nutritivos correspondentes às médias das análises realizadas pelo Laboratório da Associação Interprofissional de Leite e Laticínios – ALIP no ano de 2019.
Na dieta 2, foram oferecidas silagens de erva e de milho com valores nutritivos idênticos àqueles encontrados nas silagens vencedoras do Concurso Nacional de Forragens 2019. Nos custos das forragens foram atribuídos os preços de mercado estimados (teve-se em conta que as forragens de melhor qualidade têm custo produção/tonelada mais elevado) (ver Quadro 1)

ANÁLISE DOS DADOS

Analisando as dietas 1 e 2, apresentadas nos quadros 3 e 4, verificamos que a utilização da silagem de erva de melhor qualidade permite uma redução de 1 kg de alimento concentrado em relação à dieta com silagem de erva de qualidade inferior. Na dieta 2, a palha de trigo foi rejeitada uma vez que a silagem de erva utilizada, sendo de melhor qualidade, permitiu utilizar mais 2,3 kg por vaca/ dia e também porque ao recorrer a uma maior quantidade de silagem de erva, foi possível aportar os níveis necessários de fibra em valores analíticos (nota: o tamanho do corte das silagens de erva e de milho, que não está a ser avaliado neste estudo, pode influenciar a entrada de palha na dieta). A análise económica das duas soluções evidencia uma vantagem clara da dieta 2. A utilização das forragens de melhor qualidade permitiu obter um custo alimentar de 4,59 euros/vaca/dia na dieta 2 (Quadro 6) contrastando com os 5,16 euros/vaca/dia da dieta 1 (quadro 5). Consequentemente, o custo por litro de leite da dieta 2 também é inferior um 1 cêntimo ao obtido na dieta 1. O valor da Margem do Leite (Receita do leite por vaca e dia depois de descontados os custos alimentares) da dieta 1 é de 6,11 euros enquanto que o da dieta 2 é de 6,68 euros. Encontramos assim uma diferença da Margem no Leite de 0,57 €/vaca/dia entre as duas dietas. Para uma exploração de 100 vacas, conforme a utilizada para o estudo, este diferencial origina maiores receitas brutas, as quais se traduzem em mais 57 €/ dia ou 20 805 €/ano quando comparamos os resultados económicos previstos entre as dietas 2 e 1.

CONCLUSÃO

A produção de forragens de elevada qualidade pode ser um fator determinante na rentabilidade das explorações. Como se verificou neste exercício prático, a utilização de silagens de erva e de milho de boa qualidade permite baixar os custos de produção e consequentemente aumentar de forma significativa os resultados económicos das explorações leiteiras.
O trabalho e esforço do produtor na produção de forragens de elevada qualidade compensa, e a única maneira de se perceber a real compensação do esforço de produção destas forragens de qualidade é medindo os resultados económicos de uma exploração ao longo do tempo e comparando-os com as demais explorações.